(Re)conhecendo um museu
Visto do lado de fora, o edifício do Solar do Barão chama a atenção por seu estilo neoclássico no centro de Curitiba. O conjunto arquitetônico, localizado na Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533, possui três construções principais, o Solar do Barão, o Solar da Baronesa e as salas anexas, separadas entre si por pátios abertos, no formato de um “M”. As paredes são pintadas em um tom de vermelho escuro, com janelas de batentes brancos. O portal de entrada é guardado por um vigia, mas não há nenhuma indicação do que existe ali dentro. Passando por ele, o visitante entra em um dos pátios abertos, com o piso xadrez. Do lado esquerdo, adentrando à primeira construção e após as escadas rangentes de madeira, quase escondido nas salas do segundo andar, um museu de fotografia.
Na primeira vez que visitei o Museu da Fotografia Cidade de Curitiba em abril de 2019, sem saber que o estudaria no futuro, estava instalada, na primeira sala, a exposição de Guilherme Pupo [1], intitulada “Curitiba Aérea, Lírica Urbana”, com imagens de Curitiba de ângulos inusitados, mesmo para quem conhece bem a cidade. Em um monitor instalado no chão, eu vi a região central de Curitiba refletida numa tela por uma perspectiva “aérea”. Eu estava de pé com a vista do alto da capital, como se estivesse espiando por cima de um prédio. Essas eram imagens das obras em vídeos feitos pelo fotógrafo com o uso de drone em alguns pontos da cidade.
Na segunda sala, lembro-me de observar uma exposição de Raul Frare [2], chamada “Parca Hegemonia”, com fotografias feitas nos países da Coreia do Norte, Turcomenistão e Eritreia. Mais tarde, lendo uma matéria a respeito da exposição, descobri que as imagens foram realizadas entre 2007 e 2015, e tinham, naquela ocasião, o objetivo de apresentar imagens de países com regimes totalitários.
A terceira sala estava trancada, bem como os outros espaços do Solar do Barão. Minhas primeiras impressões sobre o museu foram baseadas nesta visita às exposições, que curiosamente estavam vazias naquela tarde. Afinal, que museu enigmático era aquele no centro da cidade?
Este texto tem por fonte minha pesquisa de mestrado no Programa de Pós Graduação em Tecnologia e Sociedade (PPGTE) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), na linha de pesquisa de Mediações e Culturas com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Brasil (CAPES).
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[1] Guilherme Pupo (Curitiba, Brasil) é fotógrafo profissional e atualmente dedica-se à produção de imagens aéreas com o uso de drones. Em 2018, recebeu o prêmio do Júri no concurso Street Awards, do Lens Culture (comunidade de fotografia no Instagram), e menção honrosa no Drone Awards 2018 (premiação internacional que escolhe as melhores imagens feitas com drone pelo mundo). A imagem premiada em ambos os concursos e que fez parte da exposição em questão no Museu da Fotografia Cidade de Curitiba (MFCC) em 2019, mostra o Calçadão da Rua XV, um ponto turístico popular em Curitiba. Fonte: Prefeitura de Curitiba, 2019. Disponível em: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/museu-expoe-imagens-aereas-de-curitiba-e-de-paises-totalitarios/4939. Acesso em: 08 jan. 2021.
[2] Raul Frare (Curitiba, Brasil) é fotógrafo e viajante. Autor do blog “Pra la de Bagdad”, espaço em que compartilha suas experiências de viagens pelo mundo.