(Re)conhecendo um museu

Ariadne Grabowski
3 min readJan 18, 2021

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Visto do lado de fora, o edifício do Solar do Barão chama a atenção por seu estilo neoclássico no centro de Curitiba. O conjunto arquitetônico, localizado na Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533, possui três construções principais, o Solar do Barão, o Solar da Baronesa e as salas anexas, separadas entre si por pátios abertos, no formato de um “M”. As paredes são pintadas em um tom de vermelho escuro, com janelas de batentes brancos. O portal de entrada é guardado por um vigia, mas não há nenhuma indicação do que existe ali dentro. Passando por ele, o visitante entra em um dos pátios abertos, com o piso xadrez. Do lado esquerdo, adentrando à primeira construção e após as escadas rangentes de madeira, quase escondido nas salas do segundo andar, um museu de fotografia.

Na primeira vez que visitei o Museu da Fotografia Cidade de Curitiba em abril de 2019, sem saber que o estudaria no futuro, estava instalada, na primeira sala, a exposição de Guilherme Pupo [1], intitulada “Curitiba Aérea, Lírica Urbana”, com imagens de Curitiba de ângulos inusitados, mesmo para quem conhece bem a cidade. Em um monitor instalado no chão, eu vi a região central de Curitiba refletida numa tela por uma perspectiva “aérea”. Eu estava de pé com a vista do alto da capital, como se estivesse espiando por cima de um prédio. Essas eram imagens das obras em vídeos feitos pelo fotógrafo com o uso de drone em alguns pontos da cidade.

Na segunda sala, lembro-me de observar uma exposição de Raul Frare [2], chamada “Parca Hegemonia”, com fotografias feitas nos países da Coreia do Norte, Turcomenistão e Eritreia. Mais tarde, lendo uma matéria a respeito da exposição, descobri que as imagens foram realizadas entre 2007 e 2015, e tinham, naquela ocasião, o objetivo de apresentar imagens de países com regimes totalitários.

A terceira sala estava trancada, bem como os outros espaços do Solar do Barão. Minhas primeiras impressões sobre o museu foram baseadas nesta visita às exposições, que curiosamente estavam vazias naquela tarde. Afinal, que museu enigmático era aquele no centro da cidade?

Na montagem, as imagens: (01) Mapa do centro histórico de Curitiba do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba — IPPUC (2000); (02) Fotografias aéreas da Praça Tiradentes e do Paço da Liberdade de Guilherme Pupo (2013–2016); (03) Fotografia digital da autora do pátio com “piso xadrez” no Solar do Barão (2019) e (04) Manchete da página 25 do “Jornal O Estado do Paraná” da secção Almanaque (1996). Fonte: Da autora (2021).

Este texto tem por fonte minha pesquisa de mestrado no Programa de Pós Graduação em Tecnologia e Sociedade (PPGTE) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), na linha de pesquisa de Mediações e Culturas com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Brasil (CAPES).

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[1] Guilherme Pupo (Curitiba, Brasil) é fotógrafo profissional e atualmente dedica-se à produção de imagens aéreas com o uso de drones. Em 2018, recebeu o prêmio do Júri no concurso Street Awards, do Lens Culture (comunidade de fotografia no Instagram), e menção honrosa no Drone Awards 2018 (premiação internacional que escolhe as melhores imagens feitas com drone pelo mundo). A imagem premiada em ambos os concursos e que fez parte da exposição em questão no Museu da Fotografia Cidade de Curitiba (MFCC) em 2019, mostra o Calçadão da Rua XV, um ponto turístico popular em Curitiba. Fonte: Prefeitura de Curitiba, 2019. Disponível em: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/museu-expoe-imagens-aereas-de-curitiba-e-de-paises-totalitarios/4939. Acesso em: 08 jan. 2021.

[2] Raul Frare (Curitiba, Brasil) é fotógrafo e viajante. Autor do blog “Pra la de Bagdad”, espaço em que compartilha suas experiências de viagens pelo mundo.

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